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Aspectos evolutivos do género musical cabo-verdiano: o funaná

O funaná é do poucos ritmos musicais de Cabo Verde que, num curto espaço de tempo, conheceu uma evolução galopante, projetando-se da situação eminentemente regional, concretamente da ilha de Santiago, para o estatuto nacional. Uma das causas deve-se à introdução do processo eléctrico. Inicialmente sem gaita nem ferro, hoje assite-se a coabitação desses instrumentos aos eléctricos. 

O funaná é um género musical que só cobria a ilha de Santiago e a sua história não é tão antiga quanto se pensa. 


A gaita - o principal instrumento do funaná

Ao falarmos de funaná, primeiro há que tomar como referência o mais importante instrumento na sua execução - a gaita. Descendente da concertina que, por sua vez, proveio de um instrumento chinês com mais de quatro mil anos de existência de nome "shehg" (um utensílio de vento com lingueta e 12 canas de diferentes comprimentos com outras linguetas nas suas bases, vibrando com a passagem do ar e produzindo diversas notas segundo o tamanho de cada cana), a gaita foi inventada na Alemanha or volta dos meados do século XIX. Na sua origem tinha como finalidade animar bailes populares e, em especial, as festas religiosas e os funerais nas igrejas.

A gaita é um instrumento de fole diatónica, funcionando a vento e possuindo um duplo teclado - esquerdo com oito botões e direito com vinte e um. 

Possui no seu interior dois pentes metálicos que, quando vibrados pelo impulsionado com o abrir e fechar do fole, geram som, produzindo cada um dos seus botões, por este mecanismo, duas notas diferentes - uma com a abertura e outra com o fechar do fole - mas todas na postura de maior. A partir daí é fácil perceber por que é que a maioria das composições de autores da Ilha de Santiago é em acordes maiores. Todavia há gaitas com capacidade para acordes menores, mas são em número reduzido relativamente aos primeiros.

A primeita gaita terá entrado em Cabo Verde através da Igreja Católica, aliás um facto que geralmente tem acontecido com quase todos os outros instrumentos musicais. Contudo, sabe-se que a primeira gaita para uso secular ou profano, ou seja fora da esfera religiosa chegou a Cabo Verde no início do primeiro quartel do século XX, uma oferta enviada de Portugal a João de Deus Tavares Homem, em Santa Catarina, e que serviu para os seus mais próximos amigos aprenderem a arte e o engenho da sua utilização. Razão para dizer,valeu essa oferta porque de outro jeito não seria possível, pois custava caro ao alcance dos sem posses. Uma gaita, de acordo com Bitóri Nha Bibinha, um dos seus excelentes tocadores, custava no ano de 1959 a quantia de setecentos e cinquenta escudos. E para o conseguir teve que ir a S. Tomé, pois na terra não tinha meios. Já Codé di Dona trocou um bidon de vinte e três quartas de milho por uma gaita. 

Existiam e ainda existem nas várias "ribeiras" da Ilha de Santiago excelentes tocadores de gaita e bons animadores de bailes. A sua arte foi passando de geração em geração. 

Funaná - sua génese (página em construção)

Bibliografia
. Manuel de Jesus Tavares, «Aspectos evolutivos da música cabo-verdiana», 2005

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