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Revista de Cabo Verde - 1899

O Jornal Artiletra, jornal de Educação, Ciência e Cultura, Nº 116/117 começou a se dedicar aos primeiros números da Revista de Cabo Verde de 1899. 

Ana Cordeiro, no editorial do Jornal disse que pelos combates travados nas suas páginas e pela consistência das posições e objetivos dos seus colaboradores, julga ser possível falar numa geração da Revista de Cabo Verde.

Foi mentor e director  Luís Loff de Vasconcelos e seus colaboradores, José Lopes e Eugénio Tavares, para além de muitos outros intelectuais que colaboraram com a Revista, como Viriato Gomes da Fonseca, Januário leite, Gertrudes Ferreira (Humilde Camponesa), J. Bernardo Alfama, Borlido Martins, Pedro Rogério Leite, A. da Costa Teixeira (cónego Teixeira), António Duarte Silva, Silva Campos e António de Arteaga Souto Maior. Muitos mais colaboraram mas que não podem ser identificados por assinarem com pseudónimos ou apenas iniciais ou que, mesmo não tendo colaborado com essa publicação, se identificavam com a luta nativista.
Ainda para Ana Cordeiro, muitos desses intelectuais nasceram nas décadas de setenta e princípios de oitenta do século XIX, estudaram no seminário-liceu de S. Nicolau e revelaram-se na década de noventa, ao colaborarem com as publicações que nessa década circulavam nas ilhas: o Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, o Almanaque Luso-Africano e o suplemento literário deste último, A Esperança, os jornais portugueses de Pinto Balsemão (A Família Portuguesa e o Ultramarino) e evidentemente a Revista de Cabo Verde, pelo que Nobre de Oliveira lhes chama A geração de 90. Intelectuais que defenderam os interesses das ilhas e dos seus naturais bem como os ideais republicanos. 

"Loff de Vasconcelos e o grupo de intelectuais que, no final do século XIX, defenderam, de forma desassombrada, os interesses de Cabo Verde, têm sido ignorados e frequentemente acusados de ambiguidade e duplicidade por se assumirem como filhos de duas pátrias, a portuguesa e a cabo-verdiana. Merecem, contudo, um novo e mais atento olhar, pois contribuíram de forma decisiva para a dignificação do homem cabo-verdiano, para a formação da caboverdianidade e da nação cabo-verdiana" remata Ana Cordeiro.

De acordo com Larissa Rodrigues, diretora do Jornal Artiletra, "a importância da Revista de Cabo Verde e dos homens que nela escreveram já era evidente (...) e parece-nos mais do que justificada a reedição em fac-simile dos seus dezassete números."

De salientar que a Artiletra reedita a Revista na íntegra em três números: 116/117, 118/119 e 120/121.

Confesso que ao receber hoje dois números do Jornal com a reedição dessa Revista, fui até noite adentro trabalhando na publicação deste tema tão importante para conhecer o quanto esses valorosos intelectuais de então fizeram para a dignificação de todos nós cabo-verdianos. Tão logo isso veio parar nas minhas mãos não pensei duas vezes. Logo eu que adoro nossa história e ter produzido este blog exatamente para reunir e divulgar importantes excertos da nossa literatura. Prometo estudá-la à medida do possível para a necessária divulgação aos meus queridos leitores que todos os dias vem crescendo significativamente. 


Até se não for muito trabalhoso para mim aliado a escassez do factor-tempo, predispunha a divulgar esses 17 números da Revista na íntegra, sem me recorrer a discursos indirectos ou a breves extratos, mas fazendo scan do conteúdo até seria deveras interessante conhecermos as ideologias nacionalistas do século passado, as estruturas textuais e a linguagem usada na altura. 

Boa leitura!


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