Todos
podemos e devemos ser promotores da cultura. Porém, há alguns que, devido a
dotes especiais, estão mais capacitados para o serem. Através da nossa história
tivemos vários promotores da cultura de quem muito nos orgulhamos e a quem
estamos imensamente agradecidos. Eles foram as chamas que mantiveram
acesas em nós esse modus vivendi que hoje nos identifica e nos
individualiza perante a sociedade. Foram as estórias que escreveram, as músicas
que compuseram e interpretaram, os versos que criaram. É tudo isso que nos
ajuda a continuar sendo o que somos.
Porque
muito devemos aos promotores da cultura, decidimos falar sobre eles neste
programa radiofónico.
Deveria
começar por falar daquele que, entre nós, foi o maior: Eugénio Tavares.Porém,
falaremos sobre ele mais tarde. Hoje vamos falar dum grande arauto da cultura
cabo-verdiana que nos enche de orgulho e admiração pelo muito que tem feito e
continua a fazer em prol da nossa cultura.
Trata-se dum grande amigo, a quem o destino fez com
que deixasse o torrão natal, quando ainda jovem, mas que, apesar de tudo, nunca
esqueceu a terra que o viu nascer a qual sempre a teve no coração e sempre
exaltou e cantou nos seus versos e não só. Trata-se do grande filho de Nossa
Senhora do Monte, Artur Vieira.
Artur,
poeta, escritor, jornalista, contista, dramaturgo, nasceu no lugar das
Laranjeiras, na freguesia de Nossa Senhora do Monte, na ilha Brava a 21 de Maio
de 1932. Completou a instrução primária na terra natal. Oriundo de família
humilde, teve que partir, como dissemos anteriormente, ainda jovem, para
Angola, permanecendo ali durante um ano. Regressou depois para Cabo Verde, e
mais tarde, emigrou para o Brasil, fixando residência em Vitória, Estado do
Espírito Santo, onde ainda hoje vive com a sua esposa e filhos.
No
Brasil, cursou Contabilidade, Administração de Empresas, Jornalismo, e Ciências
Económicas. Hoje ele é membro efetivo de Academia Internacional de Letras,
ocupando a cadeira no. 47, patronímica, Eugénio Tavares. Foi no Brasil que
produziu a maior parte da vasta criação
literária. Escreveu tanto em crioulo como em português. Participou em vários
eventos literários, colaborou em revistas e jornais no Brasil, Europa, Cabo
Verde e E.U.A. Foi um dos fundadores e assíduo colaborador da revista Morabeza
- Divulgação Internacional da Arte e Cultura Cabo-verdiana, composta e editada no Brasil sob a orientação do grande
escritor cabo-verdiano, Luis Romano. Foi também colaborador das revistas: O Repique do Sino, Nôs Vida e Farol.
Entre as
obras dele podemos mencionar: Matilde - Viagem do Destino (Drama de cunho
épico, no qual põe em cena o trágico e o fatídico desaparecimento do navio Matilde na sua
última viagem a caminho da América), Ninho da Saudade(Poesias), Galafo (Drama), Um Note na Djabraba (Teatro), Raízes deEmoções (Poesias), Descobrimento da
Brasilândia (Comédia), Sampadjuda(Comédia), Jangada de Poemas (Poesias), Balaio
de Cicatrizes (Poesias).
Escreveu
também temas religiosos como O Colportor, Natal, O Filho Pródigo, Nasce Jesus,
Dia das Mães, A Mensagem Adventista em Cabo Verde, O Calvário e Degraus de Fé,
Os Pródigos.
Constam
ainda, de Artur Vieira, produções de sua autoria nos livros Odisseia Crioula,
Across the Atlantic, Corcel Negro, No Reino de Caliban, entre outros.
Foi
Diretor do Centro Intercontinental Português, e um dos fundadores da Associação
Cabo-Verdiana, no Rio de Janeiro.
Recentemente
publicou uma peça de Teatro sobre a vida de Eugénio Tavares, intitulado:
“Eugénio Tavares- Palco de Dor e Amor”.
Neste
momento está escrevendo a vida do grande mestre que foi José Gomes da Graça
(Djedjinho).
Está
planeado, para no verão, ser lançado nos Estados Unidos da América do Norte o
seu último trabalho publicado: “A Vida o Melhor Poema”.
Depois
de escutarmos todas estas realizações não nos resta outra coisa que reconhecer
e agradecer o enorme contributo de Artur Vieira à cultura cabo-verdiana e, em
particular, à cultura bravense. Na próxima falaremos doutros irmãos nossos que
muito nos deixam orgulhosos pela sua participação na nossa vida.
Benvindo Leitão
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