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Meus pensamentos: Brava Capital da Cultura - necessidade de alavancarmos a nossa cultura com mais ritmo

É indiscutível ao falarmos da cultura bravense não nos reportarmos para os seus GRANDES e sonantes obreiros, compositores e intérpretes da Morna, como Eugénio Tavares, Raúl de Pina, João José Nunes (Nho Djuninho), Eduino Nunes, Cristiano José Pereira (Nho Taninho), Augusto Casimiro, Wilson Nunes, Júlio Feijóo Pereira (Nho Juloca), Rodrigo Peres, Dr. António José da Rosa, José Gomes da Graça (Djidjinho), Silvestre Faria, Armando de Pina, José Galvão Sousa, e tantos outros. Foram singulares e dedicaram suas vidas em prol da causa cultural com esmero e abnegado espírito patriótico e nativista, reconhecido no mundo. 
Todavia urge alavancar aquilo que constitui nossa história cultural. Importa aqui realçar para o que considero ser muito importante para a perpetuação e desenvolvimento do nosso folclore herdado desses ilustres filhos da Brava para a posteridade. Aqui ressalta-se a possibilidade de continuarmos a obra que com tanta entrega eles nos legaram. As novas gerações têm o dever de novas criações, não descurando as grandes obras dos nossos antepassados, mas nos inspirando para mais criações artísticas. Aliás, a transformação por que passa o mundo requer de nós todos que a acompanhemos com novas criações e inovações. Ir mais longe que vai além do simples viver ou reviver o nosso passado. Mas criar e recriar a nossa cultura com intervenções criativas e inovadoras.

O poder público tem suas responsabilidades, mas deve haver iniciativas que partem da própria população. E porque aproxima-se da época das festividades de São João e do Município da Brava, tal é o envolvimento com atuações de artistas, manifestações de coladeiras nas suas cantigas ao ritmo do tambor. As coladeiras e tamboreiros se juntam. O "mastro" é erguido no Cutelo e as fogueiras são acesas para as pessoas se saltarem. É a época alta para as movimentações de pessoas na Brava. Todos os caminhos vão dão à Brava, nesta altura do ano. 

Contudo a cultura bravense promovida na própria ilha é evidenciada com as festas juninas. Depois disso há um período de declínio em termos promocionais, exceptuando algumas ações esporádicas ao longo do ano, porém, muito desgarradas e sem conexão com aquilo que é o real propósito de promoção não só da arte, mas, sobretudo dos artistas e criadores. Há que combinar talentos, vontades, pesquisas e criações, determinação, união e espírito de trabalho de equipa para criações ousadas e bem elaboradas. 

Vê-se nitidamente um grande boom às criações e promoção culturais a nivel nacional, desde que se criou o Ministério da Cultura e seu Banco da Cultura para o fomento das ditas economias criativas. Hoje não se pode olhar para a cultura como mero exercício de lazer e entretenimento. Ela é uma força criativa num mundo em constante transformação e uma das atividades gerações de roteiros turísticos, como uma das fortes componentes no plano económico, de crescimento e de desenvolvimento. 

Uma ilha como a nossa que não aproveita das suas potencialidades culturais para atrair turistas, gerar riquezas, fomentar empregos ou auto-empregos, atrair parceiros estratégicos como o Governo e entidades públicas e privadas ou outros organismos não governamentais, particularmente num momento em que toda a atenção está virada para a Brava eleita Capital da cultura, não está a alavancar o seu desenvolvimento que passa pela oferta daquilo que ela tem de melhor que é a sua cultura. 

Se nos preocupa a necessidade de promovermos cada vez mais a nossa cultura, como valores conquistados e transmitidos de geração em geração, não é menos preocupante que ela pode se perigar num contexto social com muitas fragilidades, com falta grave de iniciativas. Daí um enfoque aos aspectos sócioculturais, socioeducativos e uma simbiose social e cultural capaz de elas caminharem sem gerar choques desnecessários que advém de vários factores. Ou seja, cultura no seu sentido lato estende-se á area do conhecimento, dos valores e da ética que devidamente trabalhados podem redundar em elevada dose de projeção e elevação dos valores de um povo fustigado por uma série de conflitos o que pressupõe que o desenvolvimento de um povo caminhe quase que na mesma proporção do desenvolvimento intelectual, da criatividade, da imaginação, da salvaguarda dos valores e do bem-comum, do respeito pelo patrimómio material e imaterial, etc. Neste particular é necessário que se dinamize a criação de grupos culturais com a clara missão de promoção dos valores culturais com ações objetivas junto dos várias camadas sociais. 

Como forma de sustentar esta espécie de tese e mostrar que não se trata de mera teoria, desde Outubro último que o Ministério da Cultura anunciou que tem disponível cerca de 217 mil contos para financiar projetos culturais, numa ocasião em que Brava é eleita Capital da cultura e Cidade de Nova Sintra a património nacional. Mas, como atrair maior fatia possível desse financiamento para Brava, justamente neste contexto de Capital da Cultura e património nacional, e que tem prazo até 2015 e que, ao mesmo tempo, o próprio Ministério ter anunciado que na altura já tinham entrado cerca de 200 projetos? Por outras palavras, como aproveitar e desenvolver o senso de oportunidade e atrair algum financiamento para Brava?

Em todas as ilhas existe um balcão da cultura onde se pode apresentar os projetos com acesso ao Fundo Autónomo de Apoio à Cultura (FAAC) do MInistério da Cultura. Na Brava o balcão fica no Paços do Concelho mas ainda falta-nos desenvolver uma cultura de elaboração de projetos e que obedeçam a alguns critérios exigidos pelo financiador, como a credibilidade, fomento ao emprego e gestão de rendas, acesso à cultura, integração social e cultural, criação e inovação, sustentabilidade financeira e credibilidade técnica e financeira. 

Para que haja igualdade de oportunidades, não podemos deixar de encaminhar projetos seja no domínio da música, artesanato, eventos culturais, espaço cultural, literatura, artes plásticas, teatro e dança, multimédia, comunicação, entre outros. 

Há várias áreas culturais que podem ser alvo de projectos credíveis e com franca possibilidade de financiamento da parte do Banco da Cultura: organização de eventos musicais, como concursos de vozes ou instrumentais, intercâmbios culturais, confeção de pratos típicos, produção e criação de espaços de artesanato, por exemplo, as obras das mulheres da Brava. Para além de produções audio-visuais sobre a temática cultural, criação de escolas de música e de fabrico de instrumentos musicais, entre outros. Pequenos projetos que não ultrapassam os 1.500 contos e que podem gerar economias através da arte. 

Uma coisa é certa: 
  • É exigido envio de projetos sem os quais não poderemos ter financiamento. É mediante um projeto que o proponente mostra o que pretende e convencer o potencial financiador, no caso o Banco da Cultura.
  • Entrar em contato com o balcão do BC para mais informações e necessárias orientações quanto à elaboração do projeto; 
  • O projeto tem que obedecer aos critérios estabelecidos pelo BC, sob pena de não ser aprovado.
  • Escolher atividade que melhor adeque à sua linha de atuação e da qual entende bem.

Elaborar projetos é o melhor caminho para uma realização cultural que depende de financiamentos. 



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