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135 ANOS DA CIDADE DO MINDELO - II PARTE

Mindelo é considerada a Cidade Morabeza de Cabo Verde. A 14 de Abril de 2014, completam-se 135 anos sobre a elevação da Vila do Mindelo à categoria de cidade, o que foi determinado pelo Decreto Régio de 14 de Abril de 1879, atendendo a uma representação dirigida pela Comissão Municipal a Sua Majestade o Rei D. Luis.

Há cerca de 15 anos, em 1999, a Câmara Municipal da ilha de São Vicente em Cabo Verde publicou um livro com o título “Mindelo – Cidade Morabeza” cujo editorial foi assinado pelo professor Francisco Lopes da Silva, que era conhecido por “Chiquinho”, falecido a 17 de Julho de 2001.
"Chiquinho" Francisco Lopes da Silva
“Chiquinho” Francisco Lopes da Silva
Esta lembrança é um reconhecimento a este meu tio “Chiquinho” pela enorme contribuição que prestou à cultura cabo-verdiana, particularmente à literatura e à ilha de São Vicente.
Este livro, parte de um projecto cultural, produção executiva de PBS, coordenado por João José Pires, foi imprimido pela Gráfica do Mindelo, concebido pela Isabel Lima Lobo e com fotos do professor Moacyr Rodrigues.
Nesta publicação se reconheceu várias individualidades culturais desta ilha.
Por altura dos 120 anos (1999) a Praça Estrela, na ilha de S.Vicente, registou um concerto público formidável, que contou com a participação de músicos cabo-verdianos de várias ilhas e oriondos da emigração.

Estatuto de Cidade

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O falecido professor e intelectual Francisco Lopes da Silva escreveu que foram os progressos verificados em apenas 20 anos nos domínios da economia e do desenvolvimento populacional e urbano que possibilitaram à Vila do Mindelo a atribuição de estatuto de Cidade. Tinha-se, assim, percorrido um logo caminho, desde que, a 22 de Julho de 1795, JOÃO CARLOS DA FONSECA ROSADO, um rico comerciante da ilha do Fogo, tinha sido investido pelo Governador MALDONADO DE EÇA no cargo de Capitão-Mor da ilha de São Vicente, logo no início da primeira tentative séria que se fez para o seu povoamento.

Descoberta a 22 de Janeiro do ano de 1462 pelo navegador português DIOGO AFONSO, a ilha de São Vicente esteve praticamente desabitada durante mais de TRESZENTOS ANOS, servindo apenas para nela se criar gado. Podia-se contra mais de doze milhares de cabeças, que sobreviviam bem espalhadas pelos campos do que é hoje o Madeiral, a Ribeira de Calhau, Palha Carga, Mato Inglês, Ribeira de Julião e outros sítios do interior. Nesses recuados tempos, embora já houvesse estiagens, chovia com maior regularidade, havendo pasto em quantidade suficiente.

Doacção da Ilha

O rei D. Afonso V, por Carta Régia de 19 de Setmebro de 1462, achou por bem fazer doação da ilha ao Infante D. Fernando, duque de Viseu e de Beja. Quando o duque foi assassiando por el-rei D. João II, o rei de Portugal que lhe sucedeu, D. Manuel I, fez da ilha de São Vicente património da Coroa, pois os senhorios já citados de Viseu e de beja passaram para ele.
Como é fácil de se compreender, a Administração Colonial só dava importância de maior, nesses tempos de antanho, às ilhas que ofereciam melhores condições de exploração, como Santiago, Brava, São Nicolau e Santo Antão, cujos regadios e sequeiros produziam bastante.

Posição Estratégica

Mal se suspeitava, então, que a posição estratégica da ilha de São Vicente na rota do Atlântico e o seu magnífico Porto Grande eram potencialidades que estavam adormecidas; e assim continuariam, por mais duzentos anos, até os Ingleses descobrirem, por volta de 1850, que podiam aproveitar a ampla baía para ponto de escala da navegação, nas rotas entre os três continents vizinhos, Europa, África e América, e indo mesmo mas além, à Ásia, contornando o Cabo da Boa Esperança, percorrendo o mesmo caminho marítimo descoberto por Vasco da Gama, séculos antes.

Povoamento

O tempo, porém, foi passando. E assim, em 1795, como se viu atrás, o citado JOÃO CARLOS DA FONSECA ROSADO empreende a primeira tentativa organizada de povoamento da ilha de São Vicente. Porém, essa experiência fracassou redondamente.
No ano de 1812, houve uma nova tentative de povoamento implementada pelo governador ANTÓNIO PUSICH. Paulatinamente, a população foi aumentando. Em 1819, era de 115 habitantes. Um ano depois, já contava 295 almas. O povoado inicial, que recebera o nome de DOM RODRIGO, progride. Já em 1820, passa a ter o nome de Vila Leopoldina.

Nome Mindelo

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Anos depois, em 1838, troca-se-lhe o nome para MINDELO. No ano de 1848, a sua população é já de 553 indivíduos. E finalmente, imparavelmente, com o aparecimento do primeiro depósito de carvão, a Povoação do Mindelo entre na senda do progresso e da fortuna, para se impor, de direito, como o aglomerado mais importante do arquipélago. A partid dais, surge, em catadupa, companhias inglesas que fornecem carvão às centenas e centenas de barcos que frequentam o Porto Grande, e fazem dele um empório.

Pelo Decreto de 29 de Abril de 1858, a Povoação do Mindelo ascende à categoria de Vila. Logo nesse início, a Vila do Mindelo tinha QUATRO ruas, QUATRO travessas e DOIS largos. O movimento do porto aumenta de importância e a população cresce sempre. E, em 1879, quando a Vila do Mindelo passa a Cidade do Mindelo, a urbe tem 4.000 habitantes e 911 fogos, conforme se colhe do Boletim Oficial n°19/1880. É esta, em resumo, a história do povoado inicial que se transformaria, com o passar dos anos, na majestosa Cidade do Mindelo, hoje com mais de 70.000 habitantes, verdadeiro “carrefour” onde se cruzam e se interligam culturas, e onde as gentes de todos os quadrantes e credos confraternizam, no amplexo fraterno de MORABEZA.
Em baixo se apresenta o link sobre o resumo da biografia de Francisco Lopes da Silva, publicado num calendário da ilha de S.Vicente, sobre os intelectuais da ilha de S.Vicente.
Por: Pedro Ben’Oliel Chantre

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